quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Arara-Azul-de-Lear


ARARA-AZUL-DE-LEAR


Restrita à caatinga baiana, mais precisamente nos municípios de Canudos, Euclides da Cunha e Jeremoabo, a Arara-azul-de-lear é uma das aves brasileiras menos conhecidas e mais ameaçadas de extinção. As ameaças à espécie vão desde a captura e comércio ilegal dessas aves até à intensa perda de habitat, ocasionados pela derrubada da mata nativa por atividades agropecuárias de subsistência, principalmente a criação de caprinos e o cultivo de milho.

As áreas de alimentação são determinadas por concentrações de palmeiras licuri (Syagrus coronata) em meio a árvores mais altas, isso se dá pelo fato de que o bando de Araras-azul-de-lear fica pousado em uma árvore alta enquanto dois indivíduos (espiões) partem para uma vistoria no local de alimentação e só depois o bando todo vai ao local para uma última conferência, e aí sim podem descer ao solo e desfrutar dos cocos caídos de licuri, o principal item na alimentação dessas araras. Além do licuri, utilizam também os frutos de pinhão, umbú e mucumã. Por vezes foram avistados bandos de araras forrageando em plantações de milho, o que acarreta má impressão diante dos agricultores. Em contrapartida, as criações de cabras na região ameaçam a recomposição natural da vegetação, pois as cabras usualmente devoram as mudas nativas.
Com a chegada das chuvas no final do ano, inicia-se a época reprodutiva. Os casais se separam do resto do bando e fazem seus ninhos em cavidades, nos íngremes paredões de arenito, onde os poucos casais reprodutores criam seus filhotes, numa média de dois por período reprodutivo.
Bastante semelhante à Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), a Arara-azul-de-lear é mais arisca, nitidamente menor, com uma plumagem mais desbotada, sendo o dorso e a cauda azul cobalto. Uma exceção em relação às outras araras-azuis é o fato de não dormirem empoleiradas, e sim em fissuras dos “canyons”, onde chegam aos finais de tarde, fazendo estardalhaço e sobrevoando aos bandos até acomodarem-se. 
É conhecida cientificamente há 150 anos, mas seu território de ocupação foi descrito há apenas 30 anos. Estima-se que ainda existam cerca de 500 indivíduos na natureza, isso graças aos esforços voltados para a sua conservação, pois a Arara-azul-de-lear continua criticamente ameaçada de extinção. Esse alto grau de ameaça, aliado ao baixo grau de conhecimento dos comportamentos naturais da espécie, o que dificulta a sua reprodução em cativeiro, justificou a criação no ano de 1992 do “Comitê para Recuperação e Manejo da Arara-azul-de-lear”, cujos integrantes juntamente com o IBAMA, representam instituições nacionais e internacionais de pesquisa e visam a perpetuação da espécie através da elaboração de planos de manejo em cativeiro, conservação, reprodução, reabilitação e, se possível, reintrodução da espécie.


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